HOMILIA DOMINICAL DO 4º DOMINGO DO TEMPO COMUM

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A liturgia deste domingo nos traz o tema da escuta da Palavra de Deus. Deuteronômio nos afirma que devemos ser como Moisés que escuta a Palavra de Deus, que transmite oralmente esta Palavra, que fala somente aquilo que Deus lhe inspirou falar, que não fala em nome de outros deuses; e que procura confirmar a sua Palavra com fatos e obras. Trata-se de uma palavra que faz crescer, que está ao serviço do aperfeiçoamento do ser humano e da vida. 

Aquele que não dá ouvidos à Palavra divina deverá acertar contas pessoalmente com o próprio Deus. Neste mesmo sentido o salmo nos alerta sobre o perigo da dureza de coração tantas vezes condenada por Jesus e que pode nos atacar, impedindo-nos de ouvir, meditar, guardar e pôr em prática a Palavra divina. Diz a primeira leitura: “Se alguém não escutar as minhas palavras que esse profeta disser em meu nome, Eu próprio lhe pedirei contas”.

No Evangelho Jesus expulsa um espírito impuro de um homem que estava na sinagoga. Isto mostra o poder da Palavra de Cristo que é capaz de expulsar de nossas vidas todo e qualquer tipo de mal que nos tira a vontade de viver. Significa que Deus não desistiu da humanidade, que Ele não Se conforma com o fato de muitos homens e mulheres trilharem caminhos de escravidão. Jesus insiste em oferecer a todos a vida plena. Pela ação de Jesus, Deus vem ao encontro da humanidade para a salvar de tudo aquilo que a impede de ter vida em plenitude. A mesma Palavra divina que no princípio da criação expulsou as trevas com a luz, é a Palavra que expulsa os sofrimentos, doenças e tribulações da nossa vida presente. Jesus mostra quem é Deus, não por palavras, mas agindo em favor das pessoas. Todos os poderes do mal temem Jesus. Jesus faz o ser humano voltar à consciência e à liberdade, pois só assim o homem pode segui-lo.

No Evangelho as pessoa que estavam na Sinagoga diziam que Jesus ensinava com autoridade. A sua autoridade é unicamente um poder de vida e não de morte. A cura do homem, possuído pelo espírito mau, foi o sinal concreto da sua autoridade, que vai culminar na ressurreição. O que está em jogo neste evangelho que ouvimos não é a existência dos demônios, mas a necessidade de lutar para vencer o mal que divide e escraviza o ser humano. Foi para sermos livres que o Cristo nos libertou. Essa “autoridade” evoca o poder profético de ensinar no nome de Deus e fazer sinais que confirmem a palavra. 

Podemos dizer que Jesus fala com competência, liberdade e poder. Jesus fala com “competência” porque Ele é o único que pode dar o verdadeiro sentido à Palavra de Deus. Fala com “liberdade” por que Ele não precisa esconder nada, mas pode falar, e de fato fala, pondo tudo às claras. Por fim, Ele fala com “poder” porque a sua Palavra é eficaz, ou seja, ela realiza o que significa. Pelo poder da sua Palavra, Cristo liberta o homem possuído pelo mal das cadeias do demônio. Se Jesus ensina com autoridade devemos enxergar no profeta de Nazaré o Filho do Homem, que vem com os plenos poderes de Deus.

São Paulo, na segunda leitura, tinha o pensamento de que Jesus iria voltar logo, por isso ele dá um conselho de que se deveria adotar um estado de vida que deixasse nosso espírito mais livre para se preparar para a segunda vinda de Cristo. Ele não está desprezando a sexualidade e a vida matrimonial. Ele simplesmente quer dizer que quem não é casado tem mais tempo e disponibilidade para se preocupar “com as coisas do Senhor”.  É um lembrete para os casados, para que não se deixem levar pelas preocupações do mundo, mas que conservem a certeza de que o sentido último da nossa vida está nas coisas celestes.

Portanto, a palavra do Senhor Jesus, tem poder de libertar o ser humano do espirito mau que aliena e escraviza e mata, pois Ele é bondoso e cura os corações feridos pelas maldades do mundo. Creiamos que a palavra de Deus renova e transforma, os corações do ser humano, e que o mal não tem como resistir diante da sua força divina. Jesus veio ao encontro da humanidade para a libertar de tudo aquilo que a faz prisioneira e lhe rouba a vida. Que o Senhor nos ajude a guardarmos sempre sua Palavra. Deixemos que, pelo poder desta mesma Palavra, Ele também nos liberte de tudo o que nos aprisiona, a fim de sermos verdadeiramente livres para seguir o Senhor.