HOMILIA DO 2º DOMINGO DO ADVENTO

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O Segundo Domingo do Advento nos convida ao arrependimento sincero. A vela roxa que acendemos hoje chama-se “um convite ao arrependimento”. Precisamos preparar nosso caminho para acolher o Senhor, endireitar nossas veredas, aterrar os vales dos nossos corações e os montes e colinas dos nossos sentimentos. Que nossos caminhos tortuosos sejam retificados e nossas estradas irregulares sejam aplanadas para que possamos acolher a salvação que vem de Deus.

Para que possamos esperar e receber o Senhor que Vem no Natal é necessário nos abandonarmos na misericórdia incessante de Deus, por isso o profeta nos diz: “Deus perdoou-te todas as tuas faltas e quer devolver-te a vida e a esperança”. Estas palavras nos mostram que o Advento é um tempo favorável para voltarmos o nosso coração para Deus. É tempo de percorrer o caminho de regresso que a bondade e a ternura de Deus nos dão para que possamos readquirir a alegria e a liberdade de filhos e filhas de Deus. A Misericórdia de Deus é maior do que todas as nossas crises e tragédias humanas. Deus não nos abandona, mas quer nos reconduzir à sua graça, ao seu perdão, mas para isso acontecer precisamos fazer a nossa parte. Pergunte-se: Quais são as escravidões que ainda nos prendem e nos impedem de acolher o Senhor que vem?

O batismo de João Batista aparece como um símbolo do perdão e de mudança radical de vida, mas, sobretudo, de preparação da vinda do Messias, ou seja, do Menino Jesus. Por isso ele anuncia: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”. 

Mais do que ouvir a voz que clama no deserto todos nós somos responsáveis em preparar o nosso próprio caminho de salvação. Preparar o caminho do Senhor é estar disposto a percorrer um caminho de conversão urgente, que elimine o egoísmo, que destrua os esquemas de injustiça e de opressão, que derrote as cadeias que mantêm as pessoas prisioneiras do pecado… Preparar o caminho do Senhor é um re-orientar a vida para Deus, de forma a que Deus e os seus valores passem a ocupar o primeiro lugar no nosso coração e nas nossas prioridades de vida. O sacramento da Confissão é o momento privilegiado de encontro com o Deus que salva e que perdoa, pois acolher Jesus em nossa vida exige séria preparação.

Jesus, o Cristo, é o mesmo “ontem, hoje e sempre” e deseja entrar na vida de cada um de nós, nascer na nossa história pessoal e oferecer o Seu dom de salvação a todos os homens e mulheres do mundo. Por isso o Advento nos diz que Deus vem ao nosso encontro com alegria por meio de Jesus Cristo. Em Jesus encontramos um futuro. Nele a nossa vida tem conserto, por maior que sejam as nossas tragédias e dificuldades. Em Cristo encontraremos a esperança de precisamos para nos tornarmos instrumentos de salvação e de alegria para nós mesmos e para quem está ao nosso redor. Em nós, Deus cumprirá sua promessa que diz: “E todas as pessoas verão a salvação de Deus”. Podemos ter a certeza que Deus que não desiste de nos apresentar uma proposta de salvação, apesar da nossa dureza de coração, dos nossos erros e dificuldades.

 O sentido do Advento e do Natal não é algo sentimental, chorar de emoção por causa de uma criancinha. Mas é tempo de alegrar-se porque aquele que podemos chamar de Filho de Deus veio – e sempre vem – viver no meio de nós, para nos reconciliar com Deus, para partilhar conosco o bens espirituais de Deus para a nossa salvação. Que o Senhor nos ilumine para descobrirmos, em nossa vida, quais as estradas tortuosas temos que endireitar para chegar até Ele.  

À intercessão materna de Maria, Virgem do Advento, confiemos o nosso caminho de preparação ao encontro do Senhor que vem, permanecendo prontos para O receber no coração e na vida inteira, o Emanuel, o Deus-conosco. Peçamos a Deus que abra o nosso coração para que a Palavra do Pai possa também fazer-se em nós Palavra de conversão e salvação.